Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais funda seção no Rio de Janeiro
Por Vivian Virissimo e Luiz Otávio Ribas

Com o objetivo de pesquisar e apoiar os movimentos sociais, foi fundada nesta segunda-feira (9), no salão nobre da Faculdade de Direito da UERJ, a seção Rio de Janeiro do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais (IPDMS). Inicialmente, os pesquisadores de cinco universidades do estado do Rio (UFF, UERJ, UFRJ e UFFRJ, PUCRJ) farão a triangulação entre instituições de ensino superior, grupos de apoio e movimentos sociais.
Alguns movimentos como o MST, Fórum Comunitário do Porto e a Central de Movimentos Populares (CMP) já despertaram interesse pela proposta do IPDMS. Grupos de apoio com experiência em pesquisa, assessoria jurídica e educação popular, como é o caso do Centro de Assessoria Popular Mariana Criola, também fazem parte da articulação do instituto. Fundado em abril, o IPDMS é um instituto de pesquisa que está formando grupos de trabalho com base em um mapeamento que vem sendo desenvolvido em todas as regiões brasileiras.
O militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcelo Luiz de Souza, estudante de Direito da turma especial Evandro Lins e Silva, da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Campus Goiás Velho, participou da mesa “Pesquisa em Direito com os Movimentos Sociais” no dia da fundação da seção Rio. Marcelo destacou a importância da pesquisa-ação para evitar a abordagem acadêmica dos movimentos simplesmente como objeto de pesquisa. “A pesquisa precisa estar relacionada com as demandas dos movimentos sociais”, afirmou.
A estudante de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Priscilla Mello, do Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular – NAJUP Luiza Mahin, ressaltou a necessidade de buscar um conhecimento emancipatório, por meio da pesquisa participante e da educação popular. “Precisamos romper com a lógica do possível e questionar onde está o poder popular. É um conhecimento que vai ao povo, com os pensadores revolucionários”. Ela também defendeu que a juventude é um dos principais agentes da transformação. “Nossa geração é órfã, precisamos construir sentido para nossa geração. Queremos a aliança entre povo e juventude”, enfatizou.

O professor de Direito, José Ricardo Cunha, do Grupo de pesquisa Direitos Humanos, Poder Judiciário, da UERJ/FGV  defendeu a necessidade não só de descrever processos de opressão, de violência, mas de compreender quem é o oprimido e a maneira que é colocado na subalternidade, os empobrecidos. “No capitalismo, somos expropriados de nosso direito de natureza e vendemos nossa força de trabalho. Na atualidade, e em toda história brasileira, percebemos processos de resistência à opressão. Aqui está colocado o lugar da pesquisa a partir dos movimentos sociais. Significa uma opção metodológica e ideológica para amplificar a voz dos movimentos sociais”, declarou.
O professor de Ciências Sociais e Políticas, Breno Bringel, do Grupo de Pesquisa NETSAL-IESP/ UERJ explicou que articular pesquisa e movimentos sociais são desafios teóricos, disciplinares e políticos. Ele ressaltou que a pesquisa sobre movimentos sociais vive um momento de apontar os pontos críticos desta teoria. “Precisamos sair de um fechamento disciplinar, de que a teoria dos movimentos sociais pertence à Sociologia. Aliar ainda a Geografia, Relações Internacionais, Direito e outras áreas do conhecimento. Pensar que o Estado é instrumento de garantia de direitos, mas também é aparato de dominação e repressão“.
A próxima reunião da seção está marcada para o dia 21 de julho na Associação de Moradores de Vigário Geral, na zona norte do Rio. Nesta data será realizada uma atividade para lembrar os dezenove anos da chacina que ocorreu naquele bairro em 1993 quando vinte e uma pessoas foram brutalmente assassinadas. Mais informações podem ser obtidas pelo correio eletrônico ipdmscorreio@gmail.com e pelo blogue http://www.ipdms.blogspot.com/