Estamos todas e todos vivenciando, com tristeza e preocupação, a conjuntura atual de catástrofe humanitária e ecológica mundial em decorrência do aguçamento pela pandemia do novo coronavírus de uma crise de civilização que vinha se aprofundando nesse tempo histórico.

Como se não bastasse este estado de coisas, a situação brasileira é ainda mais trágica, por termos que lidar com uma crise política sem precedentes, causada por uma postura irresponsável, negligente, desrespeitosa e com efeitos genocidas do executivo federal para com a emergencialidade sanitária e social diante dos efeitos desta pandemia no país.

Governo que, como se não bastasse a negligência com a saúde coletiva e a sobrevivência digna das maiorias, desde sua campanha eleitoral, sustentada por produções em série e orquestradas de fake news, foi colecionando arbitrariedades ilegais, como as mais atuais acusações de interferência nos poderes policiais para blindar relações e práticas da sua família com forças milicianas, inclusive podendo esbarrar nas apurações relativas ao assassinato de Marielle Franco.

Em decorrência do enquadramento de crimes de responsabilidade, somado à leitura política das esquerdas brasileiras quanto à danosidade nefasta deste desgoverno, foi protocolado ontem um pedido popular de impeachment de Jair Bolsonaro, fruto de uma bonita articulação anti-fascista de partidos políticos e movimentos sociais, estudantis, sindicais e outras organizações sociais comprometidas com as causas das classes trabalhadoras e grupos oprimidos.

Foram mais de 450 assinaturas e temos o orgulho de anunciar que, dentre elas, está a do Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais – IPDMS. Compreendendo que muito mais do que um instrumento jurídico com os limites inerentes a ele, esta iniciativa significa uma demonstração de que, mesmo sem poder ocupar as ruas em tempos de isolamento físico, as forças progressistas possuem capacidade de pautar a política brasileira e disputar seus rumos.

Não assistiremos a dança das cadeiras do andar de cima, mas iremos, pela nossa força coletiva, construir articulações e resistências para construir o radicalmente novo e possível, compatível com a história de luta do povo brasileiro.

IPDMS, 22 de maio de 2020.